28 de janeiro de 2021

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por: Produção Milton Medusa Oficial

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Categorias: Artigos, História da Guitarra

Guitar Heroes Brasileiros do Heavy Metal nos anos 80

Olá, amigos!

Rubens Gioia (A Chave do Sol). Foto: acervo de Luiz Domingues.

Como primeira postagem deste ano de 2021, preparei algo especial e fiz uma relação de grandes guitarristas do nosso som pesado, que se destacaram na década de 1980, quando o heavy metal explodiu no Brasil e no mundo. Como já disse anteriormente, participei ativamente deste movimento, seja indo aos shows em Santos, onde moro, comprando e ouvindo os discos, assim como acompanhando tudo através das revistas, fanzines, jornais e programas de rádio e televisão, além de aprender a tocar e montar as minhas primeiras bandas.

Rubens Gioia (A Chave do Sol). Foto: acervo de Luiz Domingues.

Procurei selecionar os guitarristas que se sobressaíram não somente por suas habilidades técnicas, mas por suas performances e obras mais relevantes, como discos lançados ou shows ao vivo e em televisão, por exemplo. Claro que esta geração é pioneira e todos merecem crédito, mas me baseei no que vi e ouvi, então, dividi esta seleção em três grupos:

  • Guitarristas que integraram ou gravaram com o Made in Brazil, por ser a banda mais antiga em atividades e que apresentou uma safra muito boa de guitarristas;
  • Guitarristas que se destacaram por um elevado nível técnico e criativo;
  • Galeria de guitar heroes de diversas bandas.
  • Dedico esta publicação à memória de Rubens Gioia, que faleceu na mesma semana em que eu estava produzindo esta matéria.

Espero que gostem desta seleção e que possam conhecer a obra de todos estes, caso ainda não conheçam!

 

Abraços,

Milton Medusa.

 


1- GUITARRISTAS DO MADE IN BRAZIL:

Celso Vecchione, Kim Khel (Mixto Quente), Tony Babalu, Eduardo Depose, Wander Taffo, Dudu Chermont (Patrulha do Espaço), Daniel Gerber, Raul Muller e Faiska.

 

Filippo “Lippo”

Baldassarini

Lippo

Grande performer e guitarrista muito técnico, mas com feeling rocker de alto nível.

Dominava muito bem a técnica de two-handed tapping e vibratos fortes.

Fez algumas turnês com o Made in Brazil e se destacou na de 20 anos, onde gravou um especial para a TV Cultura. Gravou o álbum “7”, do Harppia, mas não chegou a fazer shows com esta banda.

Após integrar outras bandas, foi morar na Itália e voltou na década de 2010, quando montou novas bandas, sempre na linha hard/heavy.

 

 

 

 


2- DESTAQUES:

 

Robertinho de Recife

(Metalmania)

Com Robertinho de Recife. Foto: Renata Pereira

Robertinho já tinha uma longa carreira e vários discos lançados, mas foi com o show do Van Halen no Brasil, em janeiro de 1983, que ele decidiu se dedicar ao Heavy Metal e se tornou um grande defensor do estilo, no país.

O lançamento do álbum “Metalmania”, em 1984, foi um marco, por ter sido lançado por uma grande gravadora, fato que levou o guitarrista a circular pela mídia com um som pesado e com uma performance arrasadora, que impressionava a todos.

Com toda sua experiência, técnica e musicalidade, abriu os shows da turnê brasileira do Quiet Riot, em 1985, e não deixou por menos, realizando apresentações do mesmo nível e até melhor que a consagrada banda norte americana.

Após muitos anos trabalhando como produtor de discos, retornou aos palcos com a Metalmania, em 2015, e lançou um álbum instrumental com a banda.


Daril Parisi

(Platina)

Com Daril Parisi

Certamente, um dos guitarristas mais completos e técnicos de sua geração.

Quando apareceu com o Platina, ele já era um profissional tarimbado nos palcos e estúdios.

Dominava todas as técnicas, timbres e sonoridades do hard rock, estilo praticado por sua banda.

Fez, também, uma breve participação em shows do Made in Brazil e é um dos pioneiros no ensino de guitarra, no Brasil, pois lançou o livro “Guia de Técnica Para Guitarra”, no meio da década de 1980.

 

 

 

 


Hélcio Aguirra

“in memorian”

Com Hélcio Aguirra

Integrou a pioneira Harppia, gravando seu álbum de estreia que marcou época, com timbres e levadas muito pesadas e bem tocadas.

Logo em seguida, formou o Golpe de Estado e entrou para a história com grandes clássicos do hard rock ou hard’n roll, como batizou o jornalista Tony Monteiro.

Seguia a linha de guitarristas como Michael Schencker e Toni Iommi, seu maior guitar hero. Criou riffs antológicos, como o de “Não é Hora” e “Underground”, além de solos marcantes, também.

Era um excelente técnico de eletrônica e especializou-se em amplificadores valvulados (criou o modelo Destroyer, da Meteoro) e modificações em pedais.

Faleceu em 21/01/2014.


Ricardo “Micka” Michaelis

(Santuário)

Micka (Santuário)

Um dos guitarristas brasileiros mais influenciados por Eddie Van Halen, sendo um dos que melhor utilizavam a alavanca e reproduzia timbres similares.

Tudo isso, sem deixar de lado o estilo melódico e técnico de guitarristas como Michael Schencker e Akira Takasaki (Loudness), entre outros.

Grande compositor, gravou duas faixas na antológica coletânea “S.P Metal II”,  criando levadas marcantes e solos muito criativos, mesclando um estilo melódico e agressivo ao mesmo tempo.

Sua banda se destacou com um estilo heavy metal com temas épicos.

Micka. Foto: Adriano Molas

Depois do término da banda, formou outras, como Pegasus, Naja e Extravaganza.

O Santuário retornou para shows especiais em 2015, além de terem gravado um álbum com sua obra, que está para ser lançado.

 

 

 

 


Rubens Gioia

“in memorian”

Com Luiz Domingues e Rubens Gioia

Fundador da incrível A Chave do Sol, da qual era guitarrista e cantor, inicialmente.

Foi um guitarrista que era referência e inspiração para todos, com seu estilo elegante e carregado de feeling. A Chave do Sol transitou por várias vertentes do rock, como o jazz-rock, rock and roll, hard rock e heavy metal.

Rubens Gioia

Dominava o uso do pedal de Wah-Wha e suas performances eram cativantes, principalmente quando tocava com a guitarra nas costas ou com os dentes.

Marcou época com sua Jackson Flying V Randy Rhoads e soube dosar como poucos o estilo de guitarristas clássicos, como Jeff Beck, Johnny Winter e Leslie West, e modernos, para a época, como Eddie Van Halen.

Após sair de sua banda, integrou a lendária Patrulha do Espaço por alguns anos, além de promover alguns shows de retorno d’A Chave do Sol.

Faleceu em 15/01/2021, comovendo toda uma legião de admiradores de seu estilo.

 

 

 


Adriano Giudice “Didi”

(Centúrias)

Adriano Giudice

Irmão mais novo do guitarrista do Abutre, Ricardo Giudice, Adriano chamou a atenção do público rockeiro por gravar o clássico álbum “Última Noite”, do Centúrias, com apenas 16 anos!

Seu estilo lembrava muito o de Vivan Campbell (Dio) e um pouco o de Jake E. Lee (Ozzy Osbourne), guitarristas virtuosos do heavy metal e que estavam entre os ícones do estilo, na época.

Uma pena só ter gravado este álbum e ter sumido de cena, após sua saída da banda.

Atualmente, faz parte da formação do reformulado Abutre, junto com seu irmão.

 

 

 

 


Joe Lee Marcos

(Máscara de Ferro)

Joe Lee Marcos

Sua banda mesclou muito bem temas da atualidade, dos anos 1980, com temas medievais, onde o guitarrista pode expor toda a sua habilidade técnica na linguagem heavy rock europeia, com influências de Ritchie Blackmore, Michael Schencker e Yngwie Malmsteen.

Gravaram duas faixas na coletânea “Metal Rock”, lançada pela RGE, em 1985, que tiveram boa repercussão.

Após o final da banda, ele trabalhou na Promoart, de Gugu Liberato, e de 2010 em diante, estava divulgando as músicas de sua banda de forma independente.

 

 

 

 


Claudio David

(Overdose)

Claudio David

Pioneiro do heavy metal mineiro, Claudio sempre foi muito profissional e dedicado ao instrumento, logo se destacando em todas as fases de sua banda.

Muito bom em criar bases no estilo do heavy metal europeu, influência do Mercyful Fate, e solos bem técnicos, na linha de Yngwie Malmsteen.

Transitou com desenvoltura por várias ramificações do heavy metal: tradicional, progressivo e thrash.

Após um longo hiato, reativou o Overdose em 2016 e continuam na ativa.


Arthur Crom

(Salário Mínimo)

Arthur Crom. Foto: Acervo de China Lee

Guitarrista virtuoso que entrou no Salário Mínimo em 1986, atualizando seu som.

Seguia a tendência da época, de guitarristas influenciados por Eddie Van Halen e Randy Rhoads.

Tocava com uma Fender Stratocaster e tirava um belo timbre desta guitarra!

Gravou o clássico álbum “Beijo Fatal”, em 1987, e cravou seu nome na história do hard/heavy com belos solos e riffs, onde esbanjava técnica, velocidade e bom gosto.

Depois que a banda parou, em 1990, montou o Army Studios, onde eu cheguei a gravar com a banda Oryon, em 1996.

Atualmente, mora nos Estados Unidos e não se tem notícia de alguma atividade musical.

 

 

 


Edu Ardanuy

(A Chave/ The Key)

Com Eduardo Ardanuy

Edu Malmsteen!

Este foi o nome que surgiu no meio rocker, em 1988, quando Edu Ardanuy substituiu o lendário Rubens Gioia, na banda A Chave do Sol, que depois foi abreviado para A Chave.

O estilo da banda foi modificado, principalmente pelo estilo virtuoso do guitarrista, que, além de Yngwie Malmsteen, tinha influência de Eddie Van Halen, Steve Morse, assim como os pioneiros Jimi Hendrix e Ritchie Blackmore.

Conseguiu lançar o álbum  banda “The Key”, em 1989, mas saiu logo em seguida, para integrar o Anjos da Noite, depois Supla, até formar o Dr. Sin com os irmãos Busic, banda em que permaneceu por mais de vinte anos.

Atualmente, segue carreira solo e integra a banda Sinistra.

 


Wander Taffo

“in memorian”

Com Wander Taffo

Quando Wander Taffo apareceu divulgando seu primeiro disco solo, em 1989, causou um certo choque no meio rockeiro, pois ele vinha de uma carreira de sucesso com o Rádio Táxi, uma banda de pop rock.

Porém, ele sempre teve uma performance alto nível e tinha uma longa ficha de serviços prestados ao rock and roll, pois tinha tocado com Memphis, João Ricardo, Made in Brazil, Joelho de Porco, Secos & Molhados, Gang 90 e Rita Lee.

Então, foi natural este caminho para o som mais pesado, ainda que seu disco de estreia tenha alguns temas mais pop.

Tecnicamente, ele era um mestre e dominava seu instrumento como poucos no mundo, na minha opinião.

Ao vivo, era de cair o queixo ver sua pegada e precisão, além da utilização de um equipamento de ponta, no mesmo nível dos gringos.

Na sequência, montou a Banda Taffo, totalmente dedicada ao hard rock e marcou época!

Faleceu em 14/05/2008, três dias antes de completar cinquenta e quatro anos.


3- GALERIA DE GUITAR HEROES:

Carlos Vândalo (Dorsal Atlântica), Fernando Piu (Vírus), Júnior Muzzili (Salário Mínimo), Daniel Cheese (Água Brava), Marcos Patriota (Harppia e Centúrias), Marcos Dantas (Azul Limão, Metalmorphose, X-Rated), Alex Magnum (Stress), Di Castro (Sangue da Cidade), Wagner Anarca (Anarca), Reginaldo Silva (Kamikaze), Cláudio Bezz (Taurus), Joe Moghrabi (Proteus), Flávio Gutok (Harppia), Ricardo Giudice (Abutre), Fernando Costa “The Crow” (Inox), Fausto Celestino (AI-5, ex-Centúrias), Cesar Achon (Karisma e Mammoth), Soto Júnior (Vulcano) “in memorian”, Mário William (Eclipse), Michel Perié e Theo Godinho “in memorian” (Jaguar), Andreas Kisser (Sepultura), Acacio Vaz (Clavion) “in memorian”, José Luiz “Xinho” Gemignani e Bruno Bontempi (Vodu), Felipe Machado & Yves Passarell (Viper), Silvio Golfetti (Korzus), Jairo Guedz (The Troops of Doom, ex-Sepultura e The Mist) e  Alexander Magoo (Mutilator) “in memorian”.