A vida de músico para valer

 

A Vida de Músico Para Valer – Parte 1

Olá, amigos e amigas!

Após um longo hiato, estou voltando a escrever aqui no meu blog e gostaria de reiniciar com uma série de textos sobre como é a vida de músico para valer, principalmente na estrada.
Logicamente que cada um tem um caminho a percorrer e não existem regras, mas penso que como bom observador neste período de mais de trinta anos atuando como líder de banda, músico contratado para diversas formações, diretor musical, produtor artístico e executivo, por exemplo, posso oferecer um panorama diferente para quem está começando ou mesmo para quem já está na estrada e quer continuar evoluindo.
Para iniciar, deixo claro que dominar um instrumento e ter conhecimentos musicais são pré-requisitos básicos para se profissionalizar. Então, vamos lá!

Imagino que você é dedicado e já estuda há anos o seu instrumento, faz cursos de teoria, participa de inúmeros workshops e agora começam a surgir as primeiras oportunidades de trabalho.
– É agora!
– Ninguém me segura!
– Vou detonar!
Calma, parceiro(a)!
Evidentemente que você está se sentindo cheio de razão por essa bagagem acumulada e com muita disposição para tocar, mas existem outros pontos que você deve levar em contar para ser bem aceito na profissão e seguir recebendo convites. Sem dúvidas, as redes sociais lhe deixam em evidência e são um bom cartão de visitas, porém, nesta profissão ainda continuam valendo as boas referências e indicações. Então, humildade, respeito e gratidão são qualidades fundamentais que você deve ter!
Na minha opinião, essas são algumas premissas que você deve seguir:

1- Aprenda a ouvir mais do que falar e respeite quem está lhe contratando para fazer algum trabalho.
Vamos considerar a seguinte situação:

Oba!
Finalmente, você foi contratado para tocar com aquele artista que admira. Ótimo!
Então, respeite a sua obra, ouça todo o seu repertório, tire tudo o que puder, chegue pronto para o primeiro ensaio e até sugira algo, se houver abertura para tal. Mas lembre-se, a palavra final é sempre do artista e não a sua. Até você ganhar confiança de quem lhe contrata, você deve ser um bom funcionário e tocar o que é necessário, mesmo sabendo que tem habilidades para executar o que quiser. Por exemplo, você poderia incrementar a harmonia e colocar aquela inversão de acorde maravilhosa que tanto lhe agrada, porém, o compositor só utiliza acordes básicos. Portanto, não insista e toque o simples e bem feito. Não complique!

2-Gratidão:
Agradeça sempre pelas oportunidades surgidas, mesmo que você as considere como uma tremenda roubada!
Entendo bem que no calor do momento você não tenha parâmetros para analisar o que está acontecendo, contudo, acredite que isto possa lhe ajudar a evoluir. Tudo o que acontece, para o bem e para o mal, se torna uma experiência que lhe serve de exemplo para o futuro.
Vamos considerar outra situação hipotética:

Você é guitarrista e conseguiu um pedal de distorção fantástico, que timbrou muito bem com o seu amplificador valvulado no ensaio. Deu tudo certo e todos da banda ficaram encantados com o seu som!
Chegou o dia do tão esperado show naquela cidade distante e na passagem de som seu amplificador tomou um tombo inacreditável, que tornou inviável a sua utilização. Desespero total, pois a equipe de som tinha somente um amplificador transistorizado todo detonado, mais rodado que um Fusca 78 e seu timbre ficou uma porcaria, com o famoso som “abelha”!
O show perdeu aquela dinâmica legal e você teve uma performance mediana. Que desastre!
Vendo por outro lado, foi ótimo, pois assim você percebeu que tem que aprender a tirar som de qualquer equipamento disponível e pode se tornar conceituado por se virar bem em situações similares. Não esqueça que embora as condições de trabalho tenham melhorado muito no Brasil, ainda estamos longe do ideal. Logo, faça o melhor possível.

Bem, espero que tenha curtido e peço a gentileza de deixar a sua opinião, pois ela é muito importante!

Abraços e bons sons!
Milton Medusa.

Foto: Duda Conte.